terça-feira, 31 de agosto de 2010

Carta


Quero saltar. Quero sentir o vento a passar por entre as árvores da floresta e levar à minha cara todos os aromas que rouba quando passa. Quero sentir que a minha vida vale a pena. Quero sentir que não sou igual, mas sim diferente de todos. Eu controlo os meus poderes. Eu quero a natureza junto a mim, e tenho-a. Eu sou da natureza. Todos os dias me entrego a ela. Lembro-me de comandar o vento. Ainda era tão jovem. Era algo em que podia confiar. Sentia os meus cabelos a voar. Que liberdade. Rodopiava. Sentia-me protegida. Não sabia como fazia aquilo. Eu chamava pelos ventos que estavam em meu redor, e eles envolviam-me realmente. Era como um abraço forte. Sim, protegida. Não tenho medo dos ventos. Porque teria? Nada me iria magoar enquanto estivesse envolvida neles, a salvo.

A sua existência seria substancial para mim. Esqueçam os aviões, os pára-quedas, as asas, os tapetes mágicos… Eu quero saltar, sim, mas não preciso de nada. Ele salva-me. Eu vou saltar! Agarrem-me! Oh! Sim, tudo o que eu queria. Sentia-me tão envolvida. Mas não era o vento que me tinha nas mãos. Eram braços fortes. Foi assim que o conheci.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

JOGADAS OCULTAS




Dinheiro, Carros,
Vidas em jogo
Apostas viciadas
No orgulho do povo.

Riqueza, Amargura,
Avareza, Opressão.
É isto que faz deles
Aquilo que são.

A base do poder,
O tão desejado pódio,
É apenas condizer
O amor e o ódio.

Jogadas, apostas,
Atitudes doentes,
Virar as costas
A vidas inocentes.

Um modo de vida,
Uma opinião.
São actos
Que ocultam a razão.

SENTIMENTO QUE FOI E NUNCA MAIS VOLTOU



Abriste a porta da vida
Com uma chave de algodão
Tudo o que passou, ficou,
Mas há um senão.

Não se alterou nada
Nesta solidão
Que afecta em sonhos
Todo o teu perdão.

As imagens rasgadas
Voam por aí.
Continuam espalhadas
Desde que fugi de ti.

E eis que se foi
O que eu era, o que eu sou
Tudo em que era feliz
Ficou contigo e se apagou.

E os passos que eu dei
Para não fazer
Com que um algum dia
Isto pudesse acontecer

Criei ilusões,
Criámos os dois
Momentos de magia
Que nos uniram depois.

Alterou-se
Aquilo que sou.
Sentimento que foi
E nunca mais voltou.

terça-feira, 20 de julho de 2010

ATMOSFERA SELVAGEM


Lógica ou razão
Nem porquê nem porque não
Sentir um abanão
Aprender uma lição.

Não tem que acabar
Toda a vida, todo o ar.
Esta pressão que actua sobre nós
Pois cada ser tem uma voz.

Viver uma vida apagada
É uma atitude banal
Estamos na mesma jangada
A bem ou a mal.

Acredita,
Não tem que acontecer
Actua,
Assim não dá p’ra viver.

Mudar de atmosfera
Neste mundo selvagem
É não olhar para o espelho
Por não ter coragem.

Na escuridão da noite
Uma realidade como nós
Apenas interpreta
O silêncio da voz.

Ver um porto seguro
Uma luz, um farol,
É somente admirar
O nascer do Sol.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

"Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz."


Todos os dias nos vamos conhecendo um pouco melhor. Como superar desafios, como alimentar a nossa vida. Cada pessoa possui um carácter muito próprio e, embora não sendo o que se vê quando se olha para alguém, é aquilo que torna a pessoa naquilo que é. Aqueles que olham apenas para fora nunca saberão o que somos por dentro. Estar “ligados” é essencial. Todos os dias algo muda, como uma actualização, mas o carácter nunca muda e hoje em dia ocorrem mudanças a toda a hora e se estamos “desligados” durante apenas um dia perdemos uma série de momentos, acontecimentos, novas amizades, sentimentos, que nunca viremos um dia a recuperar. A nossa felicidade constrói-se a partir de todos estes momentos e sentimentos que ocorrem e continuam a desenvolver-se durante muito tempo, até que alguém nos encontre e nos dê uma mistura de outros sentimentos que acabam por saciar a nossa fome e acalmam o nosso espírito deixando-nos sequiosos de um todo que arquitecta a vida.

terça-feira, 22 de junho de 2010

esperanças


Sabendo se sim,
Sabendo se não,
Este poema escrevi
Esperando a tua mão.

Estava sentada ao luar,
Enquanto em ti estava a pensar,
Será que era feitiçaria
Ou simplesmente não te teria?

Já sabia o seguinte:
Que tu tinhas a alma crua.
Mais honesto era um pedinte,
Estando a viver na rua.

E sem saber por quê,
Te observei.
Seria de quê?
Seria de alguém?

Agora que já não sei o que fazer,
Tenho que bem pensar.
Tenho o coração a arder,
Sem saber onde o apagar.

Mais fácil seria
Esticares-me a mão.
A feitiçaria desaparecia
E eu apagava o coração.

Ela


Que imagem que eu vi.
Que tentação.
Estaria a pensar em si
Ou com uma estranha sensação?

Como no ar está a pairar,
Eu diria que é amor.
Mas conclusões não posso tirar
Pois devo olhar em seu redor.

Para uma paisagem calma,
Pus-me a olhar.
Dava para limpar a alma.
Dava para rir ou para chorar.

Mas ainda sem saber
O que está a pensar,
Muito tenho que ver,
Tenho que observar o seu ar.

Está numa dela
A pensar.
Será na sua vida?
Estará a cantar?
Isso só irei descobrir se lhe perguntar.