terça-feira, 31 de agosto de 2010

Carta


Quero saltar. Quero sentir o vento a passar por entre as árvores da floresta e levar à minha cara todos os aromas que rouba quando passa. Quero sentir que a minha vida vale a pena. Quero sentir que não sou igual, mas sim diferente de todos. Eu controlo os meus poderes. Eu quero a natureza junto a mim, e tenho-a. Eu sou da natureza. Todos os dias me entrego a ela. Lembro-me de comandar o vento. Ainda era tão jovem. Era algo em que podia confiar. Sentia os meus cabelos a voar. Que liberdade. Rodopiava. Sentia-me protegida. Não sabia como fazia aquilo. Eu chamava pelos ventos que estavam em meu redor, e eles envolviam-me realmente. Era como um abraço forte. Sim, protegida. Não tenho medo dos ventos. Porque teria? Nada me iria magoar enquanto estivesse envolvida neles, a salvo.

A sua existência seria substancial para mim. Esqueçam os aviões, os pára-quedas, as asas, os tapetes mágicos… Eu quero saltar, sim, mas não preciso de nada. Ele salva-me. Eu vou saltar! Agarrem-me! Oh! Sim, tudo o que eu queria. Sentia-me tão envolvida. Mas não era o vento que me tinha nas mãos. Eram braços fortes. Foi assim que o conheci.